Wild Oat – Vocação encontrada



Há uma crônica de Affonso Romano de Sant’Anna de que gosto muito. Chama-se: O incêndio de cada um. Ele nos conta de uma moça esperando o ônibus uma moça comum, sem nada mais que se notar. E aí passa um caminhão de som, tocando uma lambada. Eis que a moça começa a dançar e seu corpo é todo dança. E fala-nos de uma fotógrafa que veio fotografar e que tinha torcicolo, mas, eis que ela descobre um ângulo especial e se transforma e é outra a tirar fotos: pura paixão. Quando escolho o termo paixão penso no sentido que Nietzsche lhe conferia que é o de um estado em que determinado afeto organiza e orienta a emoção humana em uma disposição de saúde e de vigor.  É uma crônica sobre a chama interna que de repente toma as pessoas e as torna únicas. Sobre dons que não são simplesmente dons, mas expressões individuais, potencialidades que a divindade implantou em nós e com as quais nascemos.

Basta então algo que as desperte. A música que desperta a dançarina ou o ângulo da foto que desperta a fotógrafa. Talvez um pincel e tintas estrategicamente colocados no caminho que despertem um pintor. Pode ser, também, um livro que desperte para as palavras e revele o escritor. Quem sabe serão linhas e panos que motivem o alfaiate, ou sabores e ingredientes que revelem o cozinheiro?  Não importa. Cada um de nós certamente vai se deparar com algo que lhe desperte a memória do presente divino. Aí poderá atuar e revelar com plenitude as suas qualidades.

Então, bem bom seria que procurássemos perceber em nossas crianças desde cedo seus talentos e suas tendências. E que os respeitássemos. E que os incentivássemos e os dirigíssemos sem querer dominá-los. E que nos policiássemos para não ver neles aquilo que gostaríamos que fossem, mas o que são realmente como individualidades.

E seria bem bom, também, que nós adultos lançássemos um olhar para nossa criança interior e perguntássemos a ela, que não sabe mentir, se estamos reverenciando aquilo para o qual fomos designados ao aportar nesse mundo.

Se penso em um floral que pode nos ajudar a nos aproximar de nossa meta de vida me vem à mente o Wild Oat. Sim, pois é uma essência para aqueles que têm dificuldade de canalizar suas aptidões, de definir sua vocação. É para aqueles que não sabem que rumo tomar e que permanecem insatisfeitos justamente porque não entraram em contato com a vocação já definida dentro deles mesmos.

Wild Oat pode ajudar a trazer de dentro para fora aquilo para o qual fomos talhados. Se tal acontece deixamos de ser apáticas criaturas e pegamos fogo. A energia em nós caminha vibrante e curadora. Não importa que aparência tenhamos. Nos tornamos belos. Fomos tocados e tocamos os outros. Utilizamos a graça outorgada pelos Deuses.

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