Estar
grávida. Significa ter algo dentro em elaboração. Pode ser tomado no sentido
metafórico. Alguém grávido de ideias. O poeta grávido de inspiração. O escritor
grávido de palavras. Pode ser tomado no sentido literal: estar prenhe
fisicamente, portar dentro do útero uma criança.
De
qualquer forma gravidez remete a algo importante que virá à tona, em tempo
preciso e certo, produto acabado.
Bem,
assim deveria ser. Não é. Continua a ser algo importante, mas apenas um número
muito pequeno de mulheres tem paciência, coragem e determinação para levar em
conta o que a natureza determina e sabiamente executa. Por não escutarem mais o
ritmo de seus corpos, por não acreditarem mais que há um tempo certo para o
nascimento, por não darem crédito ao feminino como força curadora e intuitiva,
as mulheres têm muito medo de que o parto possa culminar em algo prejudicial ao
bebê. Elas têm muito medo de não conseguirem parir pelos métodos
naturais. E optam inúmeras vezes por abreviar o tempo de gestação,
através de cesarianas nem sempre indicadas.
Há outros
motivos, menos dignos de apreço, como a preocupação em determinar datas mais
convenientes, para os médicos e também para os pais. Há a preocupação em se
livrar logo de um fardo que não estão suportando mais. Há ainda o excesso de
importância aferido ao corpo, para que não engorde ainda mais, para que retorne
cedo à antiga forma e beleza.
Barrigas
prenhes têm seu próprio prazo. A mulher está vivendo um novo tempo, um tempo
seu, o tempo de se preparar para ser mãe, para ser responsável por uma
criaturinha que nada sabe fazer, que depende de outro para que se mantenha
viva. A mulher é dona da vida e da morte dessa criatura. Não será mais a mesma
depois de parir. Deve saber e principalmente sentir: é um outro tempo dentro
dela. Deve orgulhar-se por trazer dentro de si um ser. Deve se preparar sim,
para o que está por vir. E, se puder, se não houver empecilhos de ordem da
saúde, se não houver impedimento para que a criança nasça saudável, a mulher
deve se preparar para um parto normal. Deve aconselhar-se com médicos que são
adeptos dessa forma de nascer tão antiga e tão saudável. Deve procurar
aconselhamento com mulheres que acompanham a gravidez, o parto e o pós-parto –
as DOULAS, fornecendo amparo físico e emocional. Deve unir-se a
outras mulheres, trocar experiências sobre partos normais, buscar equilíbrio
dentro de si.
Afinal de
contas para que tantos deve-se? Vivemos em mundo de correrias e prazos. As
mulheres não são mais as mesmas. Não há tempo para rituais de passagem. Não há
tempo para meditações, nem reflexões. Mudam-se os tempos, mudam-se as maneiras
de ser.
Que lá
isso é verdade, é. Atualmente a mulher pode optar por ser mãe. A maternidade
não é algo que se configura como imprescindível para assegurar um lugar na
sociedade. A mulher tem várias escolhas. Porém se escolhe ser mãe, há um preço
a ser pago. Não se exige aqui isolamento, que deixe de ser uma executiva, que
deixe de trabalhar fora, que seja uma mulher do mundo moderno, mas que honre
sua condição. Que honre as transformações pelas quais seu corpo vai passar. Que
honre o bebê ao qual dará a luz, procurando informar-se do que poderá ajudá-lo
a enfrentar o mundo cá fora da maneira mais suave possível, menos traumática. E
certamente, ao contrário do que se veicula, o parto normal pode ser uma
experiência de harmonia, a despeito da dor, que é presença e não desespero, a
despeito da espera que muitas vezes é longa, mas compensadora.
O
importante mesmo é começar a pensar no assunto. É elucidar questões. Buscar
respostas. Principalmente é preciso buscar equilíbrio e tranquilidade para
tomar decisões sejam quais forem.
Por que
falo dessas coisas? Acredito mesmo nelas, ou é só blá, blá, blá? Pois é:
acredito.
Sempre
quis ter filhos pelos métodos normais. Não os tive. Na época, entendia pouco do
assunto e confiava cegamente em meu médico, que era competente. Foi-me dito que
eu não tinha dilatação, e aos 38 meses de gestação, tive minha primeira filha,
por cesariana. Fiquei frustrada. Porém, não questionei o médico. A segunda
filha nasceu de 41 e uma semanas e me disseram que estava “passando do ponto”.
Nova cesárea, nova decepção. O terceiro, porque era o terceiro e o útero já
estava fino, assim me disseram, nem se cogitou de parto normal. Aceitei.
Quanto ao equilíbrio emocional necessário para o processo de minhas gravidezes,
ninguém tocou nesse assunto. Eu, que já era voltada para o estudo das emoções,
cuidei-me da melhor forma que pude.
Anos
depois, já em Ribeirão Preto, trabalhando como Terapeuta Floral, atendi a
algumas mulheres grávidas e creio que as ajudei muito. Mas o marco foi uma
pessoa, que atendi, grávida, que era paciente de Eleonora de Deus Vieira de
Moraes, Psicóloga e DOULA. Eu não conhecia o termo, vim a saber
posteriormente que era alguém que dava suporte físico e emocional para mulheres
grávidas. Trabalhamos juntas com a moça grávida. Foi um caso bastante difícil e
que deu muito certo. Eu e Eleonora, ficamos amigas, o que muito me honra.
Tempos depois, fiz a formação para DOULA, aqui em Ribeirão Preto.
Sob a coordenação de Ana Cristina Duarte, coordenadora do GAMA – Grupo de Apoio
a Maternidade Ativa e Eleonora de Deus Vieira de Moraes.
Devo
dizer que foi um marco em minha vida. Conheci mulheres que fizeram parto
normal. Mulheres extremamente equilibradas, felizes, inteiras. Conheci dados
sobre o parto e as cesarianas que desconhecia antes. Infelizmente fiquei
sabendo que o número de cesarianas no Brasil é de extensão vergonhosa. Fiquei
também muito mexida ao pensar que eu poderia ter tido meus filhos de uma forma
diferente.
Bem,
leite derramado não volta ao copo. Só posso pensar em usar minha experiência
para ajudar outras pessoas. Acredito que o parto normal é uma experiência
extremamente enriquecedora, embora eu não tenha podido me beneficiar dele. Eu
vi nos rostos das mulheres que estavam parindo, êxtase. Êxtase? Que horror dirão
alguns e algumas. Êxtase, sim. Pois, estavam dentro de si mesmas. Conectadas
com seus corpos e com seus bebês, prestes a emergir para a luz. Estavam plenas,
apesar da dor, que nem parecia dor, mas propulsão para o evento final que era
arrebatador. Melhor ainda, depois da expulsão, era o olhar da mãe preso ao
olhar da criança: integração. Depois o abocanhamento do seio. A criança
acolhida.
Que
herança para o futuro! Certamente tal procedimento produz seres mais
equilibrados.
E mesmo
os nascimentos por cesariana podem ser mais plenos, mais dignos, mais
integrados, quando não puderem ser evitados. O ambiente pode ser modificado, o
bebê pode ter contato com a mãe, os procedimentos para limpeza podem ser menos
agressivos. Enfim, sempre há o que melhorar.
E vou por
aqui, fazendo a minha parte. Como terapeuta floral e agora, DOULA,
posso unir forças. Tenho a dizer que o tratamento com florais de Bach é muito
útil na gravidez, no trabalho de parto e no nascimento.
Presença
importante é a do Rescue Remedy, que é o emergencial do sistema Bach. Contém
cinco essências a saber: Cherry Plum; Rock Rose; Impatiens; Clematis e Star
of Bethlehem. Cherry Plum para ter controle; Rock Rose, para ter coragem;
Impatiens, para paciência e relaxamento; Clematis, para tendência a desmaios e
Star of Bethlehem, para choques emocionais e traumas. Pode ser utilizado
durante toda a gravidez, mas é comprovado que se introduzido alguns dias antes
do parto, tranquiliza e proporciona rápida recuperação.
Os
florais são indicados para medos, para inseguranças, para excesso de
preocupação, para várias situações em que há comprometimento emocional. É
preciso, porém, conhecer bem a quem atendemos. Indicar as essências pressupõe
levantamento preciso e cuidadoso das emoções. É necessário observar posturas e
trejeitos. É importante saber que tipo de criança fomos, para que nos
aproximemos o mais possível das características básicas de nossa personalidade,
já que as crianças deixam transparecer o que são. Tal procedimento é
válido para as mulheres grávidas, pois embora alguns desequilíbrios possam ser
comuns a todas, há que se levar em conta individualidades. Assim, posso indicar
Mimulus para os medos de que as crianças nasçam com problemas, ou para os medos
de que algo não saia a contento no parto, coisas das quais todas as mães têm
medo, porém quanto melhor for conhecida a personalidade da mãe, melhor o
tratamento e sua eficácia.
Florais
são feitos à base de flores, como indica o nome. São naturais e não interferem
com outras medicações. Especialmente são agentes de consciência e substituem
emoções negativas pelo seu oposto. Ou seja, estão a serviço da harmonia e do
equilíbrio. Coisas de que as mulheres necessitam muito, antes, durante e depois
do parto.
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