Autoajuda



Durante muitos anos irritavam-me livros sobre autoajuda. Achava-os chatos e na maioria das vezes muito mal escritos. Além do mais eram repetitivos e diziam, pelo menos para mim, o óbvio. Indignava-me com o sucesso do autor Paulo Coelho. Como podia um cara escrever tão mal e fazer sucesso, eu me perguntava. Para mim, durante muito tempo esses livros de ensinar aos outros como agirem, como serem felizes eram uma forma de enganar trouxas.

Ainda não gosto de muitos deles. Ainda penso que sob o ponto de vista da literatura, muitos deveriam ser jogados no lixo. Ainda acho que há muita coisa que poderíamos chamar de “pega-trouxa” Comecei, no entanto, a refletir e percebi que estes livros ajudam as pessoas. Ajudam de fato! Quebrei a cara muitas vezes ao usar textos de literatura muito bem escritos, cheios de conceitos e questionamentos e verificar que haviam tocado ninguém. De repente alguém vinha com uma frase do famigerado Paulo Coelho, ou com algo retirado do livrinho “Como ser feliz em dez lições” e isso despertara coisas nunca dantes pensadas. E, pasmem, havia realmente modificações para melhor. O mais interessante é que muitas destas pessoas gostavam de bons livros, muitas eram intelectuais ou pelo menos assim se julgavam.

Comecei a questionar-me. Percebi que é do ser humano precisar de conselhos, buscar nas opiniões dos outros subsídios. Somos seres dependentes uns dos outros. Mesmo o mais introspectivo de nós já bebeu de outras fontes, seja através das palavras, seja através da leitura. Os ermitãos antes de se retiraram do mundo também foram influenciados pelo que ouviram, pelo que leram. Não importa se a mensagem é de boa qualidade literária, ou não. Se é repetitiva, chata ou não. Importa é que vai surtir efeito em alguém. Minha avó sempre dizia que sempre há um chinelo velho para um pé torto. Pois é, há sempre uma frase, um conceito, um conselho que vai servir para alguém. E mais, algo que pode ser o começo de uma mudança de vida. A neurolinguística está aí para provar isto. E é uma técnica de dizer o óbvio, aliás uma técnica não tão inovadora, já que os Kahunas havaianos a utilizavam há muitos séculos. Então, eu vou por minha viola no saco e aceitar. Mais, vou agradecer quando alguma dessas frases que considero fracas, tolas, carentes de boa gramática, tocar o coração das pessoas que me procuram.

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