Crab Apple – Exagero e aparência



Tenho notado que cada vez mais pessoas têm demonstrado um interesse exacerbado em estar em boa forma, em parecerem bonitas. Isso deveria ser bom. Mas nem sempre é. Se for algo realmente voltado para a saúde tanto física quanto mental, tudo bem. Mas não é assim que acontece. Esse interesse muitas vezes fica apenas no superficial. Trata-se de aparentar algo, para preencher algo que parece faltar. Como se através da imagem, pudéssemos encobrir mazelas internas. A tal estória de: por fora bela viola, por dentro pão bolorento. Então é preciso que estejamos atentos. Quando a preocupação pela aparência começa a se tornar obsessiva, aí a coisa pega. Quando se torna algo que começa a substituir coisas importantes em nossa vida, aí a coisa está preta.

A literatura já apontou para esse perigo. Temos, por exemplo, no Retrato de Dorian Gray, romance magistral, de Oscar Wilde, um jovem de rara beleza cujo retrato é pintado por um amigo, reproduzindo-o no auge de sua juventude. Pois bem, Dorian Gray é tão obcecado pela aparência que faz certo pacto diabólico em que apenas o retrato sofrerá a passagem do tempo. Não é preciso dizer que a estória não acaba bem.

Tal exagero em parecermos bem, em preservar nossa juventude, em buscar pela beleza eterna pode remeter ao floral Crab Apple, do Grupo do Desespero. É que um desequilíbrio Crab Apple pode levar a um perfeccionismo no que concerne à aparência ou detalhes externos do ambiente em detrimento de aspectos mais relevantes. Por exemplo. É muito comum uma pessoa em desequilíbrio em Crab Apple observar detalhes em seu rosto tais como uma pequena verruga, ou uma pequena mancha e não atentar para uma doença grave que está se instalando em seu corpo. Pode acontecer também que levem em consideração aspectos da limpeza diária e que se preocupem mais com um fiapo de lã que caiu no tapete que com o encanamento da casa que está todo detonado. Parece que a preocupação com coisas de pouca importância esconde feridas profundas e muitas vezes a crença de que há algo a ser limpo. Não é por acaso que alguns desequilíbrios levam a lavagem de mãos frequentes, exageros em tomar banho, limpezas exageradas em seus lares ou locais de trabalho. Assim a pessoa pode migrar de alguém perfeccionista para alguém que sofre de TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo.

A desarmonia Crab Apple faz acreditar que uma capa externa pode encobrir as imperfeições internas. Então, dá-lhe analisar defeitos. É a barriga que está grande demais, são dois ou três quilos que estão atrapalhando a forma. Se a pessoa se deixa levar de tal forma pelo externo pode perder a noção de proporção. É o que acontece com os que sofrem de anorexia e que ao se olharem no espelho se enxergam obesos, quando na verdade estão raquíticos.

Crab Apple é processado a partir das flores da macieira e a maça como é de conhecimento geral, representa o fruto proibido, aquele que permitiu aos primeiros habitantes do Jardim do Éden que sentissem vergonha de seus próprios corpos, pois haviam perdido contato com a divindade e consequentemente com seu elemento regulador interior. Outra analogia que pode ser feita é a do feitiço na maça oferecido pela bruxa má e que coloca a heroína ou princesa em temporário sono, afastada da vida e de suas sensações reais.

A essência Crab Apple devolve o senso de proporção, permite que não nos apeguemos a trivialidades, que aceitemos nossas imperfeições. Funciona, também, como um antibiótico eliminador de impurezas. Para que a vergonha se afaste de nós e seja substituída pela sensação de estar no lugar certo, aceitando a nós mesmos como somos: magníficas individualidades.

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