Existem
contadores de estórias desde que o mundo é mundo. Quando não o faziam por
palavras, criavam imagens. Assim, é que chegou até nós a história da
humanidade. Saber a estória não é só a importância de fazer a história, mas de
perceber que outras pessoas têm as mesmas fantasias que as nossas; saber que a
questão do bem e do mal existe desde sempre e que sentimentos muitas vezes
considerados negativos estão dentro de nós e, graças a Deus, dentro dos outros.
Afinal quantos de nós não somos vítimas de madrastas horrorosas e temos que enfrentar
a bruxa má? Quantos não necessitam de entrar na floresta escura para resgatar
tesouros perdidos, quem sabe o da própria alma?
Os contos
de fadas são lições de vida, são possibilidades. Vivemos juntamente com o herói
façanhas aparentemente impossíveis de serem realizadas e vencemos com ele o
monstro mau, os desafios, as provas. O conto nos mostra também que vencemos nem
sempre através do nosso intelecto e, sim através de nossa intuição. Basta que
lembremos da estória do irmão bobo, aquele considerado pelo rei o mais tolo dos
filhos, porém o vencedor das provas porque é capaz de entrar pelo alçapão
abaixo e encontrar o tesouro perdido. O conto nos mostra que se tivermos
coragem para deixar que chegue até nós a voz interna, nossa aliada, podemos
acessar o que nossa alma anseia. Os contos, as estórias são fontes de
conhecimento e maneiras de nos colocarmos como parte da humanidade. Dessa
humanidade cheia de questionamentos e dúvidas. Dessa humanidade que recebe os
mitos da essência divina. Para que nos seja possível responder mesmo que
parcialmente a questões de quem eu sou, o que faço aqui, para onde vou. Para
que nos seja possível estabelecer relação com o mundo que nos circunda. Porém,
no momento em que chegam até nós essas estórias, no momento em que chegam até
nós os mitos com sua grandeza, sabemos que fomos golpeados pelo divino, que os
Deuses não podendo descer até nós, revelam-se através dos símbolos, permitem
que vivenciemos o numinoso através dos mitos.
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