Tenho um
pressentimento de que algo terrível vai ocorrer. Algo terrível vai bater à
minha porta. À noite eu acordo apavorado. Algo me acomete de repente nos
lugares mais estranhos e improváveis. Estou conversando com meus amigos em uma
festa e de repente um medo pavoroso toma conta de mim. Eu não consigo definir o
que se passa comigo. Sofro de calafrios, de suores noturnos. A consciência de
minha mortalidade me invade diante da enormidade do universo como se eu fosse
uma partícula de pó. É tão estranho o que eu sinto que não ouso discutir o
assunto com ninguém.
É assim o medo
típico de Aspen, em desequilíbrio, essência descoberta por Edward Bach em 1935.
Um floral representativo da jornada do herói, aquele que sai pelo mundo,
passando por obstáculos e perigos em busca de um prêmio outro senão que o
resgate de sua própria alma. Para resgatá-la precisará munir-se de coragem e
audácia. Deverá facear a morte e percebê-la como um dos lados da mesma moeda,
nada amedrontador em definitivo, mas a possibilidade de crescer e
transformar-se. Um mergulhar nas águas do inconsciente não para deixar que elas
nos submerjam, mas para fluir com elas, com muita alegria pelos caminhos que
nos cabem e pelos quais nossa alma ansiou.
...
por mais que te
sintas em casa
por mais que
tenhas afeto
inda não é tua
casa
teu canto, teu
teto
sonhas com um
barco fantasma
sempre levando
seu corpo
para junto da
alma que espera fincada no porto!
(Excerto do
“Barco Fantasma” de Ivan Lins e Vitor Martins)
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