As Assinaturas de Deus



Lembro-me. Eu mocinha, maravilhada com o mar. Temerosa e ousada em busca de enfrentá-lo, com medo de afogar-me. Eu, menina, fascinada pelo céu azul, as nuvens brincando de mudar de forma e, eu a decifrá-las. Eu, mulher enamorada a contemplar as estrelas, certa de que ali estavam para prestar homenagem a meu coração flechado. Os esplendores, sob meu nariz, eu a questionar-me: quem é o criador de tantas belezas?

Impossível ignorá-lo. Impossível não acreditar nele. Interessante é que muitas vezes eu imaginava as paisagens, as belezas naturais como se fossem quadros assinados com letra dourada e fugidia, pois ali estaria escrito o nome pelo qual gostaríamos de conhecer o pintor: Deus, Inteligência Suprema, Grande Criador, Grande Espírito.

Assim, não fiquei nada surpreendida ao tomar conhecimento dos escritos de um certo Jakob Böheme, filósofo e místico alemão, sugerindo que Deus marca os objetos com um sinal ou assinatura. As plantas, por exemplo, possuem partes que se assemelham a partes do corpo humano e podem curá-las. Böhme postula, também, que não existe nenhuma coisa na natureza ou dada à luz que não revele exteriormente sua forma interior, porque tudo que é íntimo tende sempre a manifestar-se. É por isso que a assinatura constitui uma fonte de compreensão através da qual o homem não só se conhece a si próprio, mas pode aprender a reconhecer a essência de todos os seres. J.W von Goethe, dizia que “poderia existir um outro modo de considerar a natureza. Não em seus aspectos isolados e fragmentários, mas como uma coisa atuante e vivente, procurando-se apresentá-la como uma totalidade que se esforça por evidenciar-se em suas várias partes”.

Leonardo da Vinci observou que “O olho, que é chamado de a janela da alma, é o principal meio pelo qual a compreensão pode mais plena e abundantemente apreciar as infinitas obras da natureza”.

Seguindo esta linha, também não fiquei surpresa, também, ao verificar que o Doutor Edward Bach, médico, bacteriologista e homeopata, ao desenvolver seu sistema de florais, baseou-se nas características das plantas, observando-as exaustivamente. Nora Weeks conta que ele passava o dia todo examinando uma grande variedade de plantas, anotando onde cresciam, em que solo se desenvolviam, de que cor eram, sua forma e número de pétalas, sua forma de disseminação. Suas incursões pelos campos ingleses, sua pertinácia, sua disponibilidade em entrar em contato com a natureza para perceber sinais culminaram nas essências de flores, tão conhecidas hoje em dia, que servem para colocar a mente e as emoções em equilíbrio.

Para entender o processo deixem que lhes fale da trajetória para que fossem encontrados os remédios concernentes ao que ele denominou Grupo da Solidão.

Impatiens, como se vê pelo nome, é um floral para pessoas impacientes e nervosas principalmente no que diz respeito a querer fazer as coisas rapidamente, sem respeito pelo ritmo dos outros. Pois é: a planta cresce rapidamente. O padrão de crescimento é fortemente estruturado, ela se apodera do solo, quando as cápsulas que contém as sementes estão maduras, as sementes são expulsas da planta de uma forma explosiva de modo a que sejam jogadas a vários metros de distância. Impaciente e tensa a planta, assim como a emoção que provoca!

Water Violet é para aqueles que gostam de viver sós, não suportam interferências das pessoas, embora possam ser bons conselheiros quando procurados. São pessoas muito sábias e centradas. O lado não harmônico é que podem isolar-se demais. A planta vive inteiramente na água, e há uma época em que submerge. Cresce muito lentamente e não aguenta nenhuma forma de poluição. É uma planta que tem um contato muito leve com a terra, vivendo na água e empurrando os talos para abrir suas flores no ar. E que flores! Flores belas como a sabedoria que as pessoas têm dentro de si. E fugidias como seu modo de ser!

Heather é para aqueles que estão sempre à procura de companhia, pois precisam ser ouvidos. Ficam muito infelizes quando estão sozinhos. Heather forma um habitat especializado onde cada planta abriga seu vizinho de modo a haver proximidade. As flores permanecem abertas nos talos às vezes por duas estações, misturadas ás flores que desabrocham. Um jeito de ser que revela medo da solidão, flores que não querem ceder espaço!

Estes alguns exemplos. Há muito mais a dizer sobre as plantas. O que importante notar é que o gestual delas corresponde a características das pessoas.

Traduzindo para uma linguagem mais simples: O Grande Criador nos deu uma colher de chá. Aliás, várias colheres de chá. A natureza, seus produtos tudo o que ela nos dá, está aí para ser usado em nosso benefício. Se não o fazemos não é por falta de pistas. Basta observar, testar, usar da melhor maneira possível.  Como o fizeram Böehme, Goethe, Leonardo da Vinci, Edward Bach e muitos outros.

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