Conheci um homem
que costumava comprar leite para os filhos em uma mesma padaria, sempre. Ele
levava consigo uma sacola, que ficava no carro, e fora eleita como “o
instrumento de comprar leite para os meninos”. Um dia sabe-se lá o porquê, a
inseparável sacola não estava no carro e a pessoa tinha parado para comprar o
leite, tinha aberto o guardador de malas - lá residia a tal de pequena sacola -
e nada.
Como, como
sumira? Qualquer outro teria comprado o leite, teria pedido que o colocassem em
um saco plástico, teria levado o leite até o carro e colocado sobre o banco.
Mas tal não aconteceu. Ele voltou para casa e informou que não pudera comprar o
alimento para as crianças, pois, não havia sacola no carro. Não estava
acostumado a comprar leite daquela forma.
Conheci uma
mulher que se queixava do marido, pois ele fazia sexo apenas aos sábados em
horário determinado. O relacionamento neste dia escolhido era bom. A coisa
embolava quando por qualquer motivo não podiam estar juntos no sábado. Daí se
adiava o relacionamento para a semana seguinte. Ela ficava a ver navios. O
marido, quando interrogado, dizia que não havia motivo para mudar já que estava
acostumado a agir assim e tudo dava certo.
Minha avó
contava uma estória sobre um homem que era corno. Sua mulher era mestre na arte
de deitar-se com vários homens. Assim que ele saía para o trabalho ela mandava
o filho mais velho avisar a fulano para que viesse desfrutar de sua cama. E
depois avisava beltrano e assim lá se ia o dia. Vovó tinha muita pena do homem.
Achava que ele sequer imaginava a infinidade de chifres que lhe eram
acrescentados à fronte todos os dias. Pensava que deveria ser muito difícil
para ele entrar em casa, pois batentes muito altos não lhe bastariam. Um dia,
ela ouviu um outro homem perguntar-lhe: José, como é que você vai de corno?
José respondera: Até acostumar, seu fulano.
Parece piada,
não é? Não é piada. São três estórias reais. Este negócio de acostumar é muito
sério. Dá um medo danado. Nós nos acostumamos a fazer coisas e nem perguntamos
que razão nos levou a elas. Um dia acordamos acostumados. Deus nos livre!
Hábitos podem
ser bons. Se me acostumo a comer coisas saudáveis, se caminho todas as manhãs
para melhorar a saúde, se observo as emoções para lidar com elas, tenho bons
hábitos. Ainda assim hábitos têm que ser questionados. Se vou me habituar a
fazer algo, tenho que saber para que serve, tenho que verificar porque quero
que aquilo se torne um costume em minha vida. Tenho que rever de tempos em
tempos se aquilo ainda faz sentido para mim.
Se tenho
tendência ainda que pequena a deixar que as coisas fiquem como estão então é aí
que devo ficar ligado. Quantas coisas em minha vida faço por ter me acostumado?
Quantas não mereçam a mínima reflexão e já se tornaram costume?
Não é por acaso
que a palavra costume também significa roupa de homem, ou vestuário de mulher.
Vestimos mesmo a tal vestimenta e muitas vezes ela nem nos serve mais, nem fica
bem em nós. Está na hora de trocar de roupa e nem nos damos conta.
Várias coisas
podem levar ao apego a hábitos que não servem mais. Uma delas é a dificuldade
em mudar, é o medo de mudanças. Sobre o ponto de vista dos florais posso
indicar Mimulus, para o medo de coisas conhecidas e o Walnut que é um floral
indicado para mudanças, para romper laços do passado, para romper com
influências externas sejam do presente sejam do passado. Outra é a dificuldade
em abandonar velhos hábitos e a teimosia, digamos assim, em cometer erros
passados. Chestnut Bud é o que recomendo, fundamental para aprender coisas
novas e fechar ciclos passados. Sobre Chestnut Bud escreveu Edward Bach: “Este
remédio é para nos ajudar a tirar total proveito das experiências diárias, para
ver-nos e para que possamos ver nossos erros como os demais o fazem”.
E para os casos
acima citados o que poderíamos indicar? Bem, é claro que precisaríamos
conhecê-los melhor e observar muitas coisas. Por agora, vamos arriscar alguns
palpites.
Para o rapaz da
sacola de leite, vai bem um Crab Apple, já que esta essência ajuda em casos de
obsessão por pequenas coisas. Aqueles que estão desarmonizados em Crab Apple
têm dificuldades em lidar com os problemas o que lhes altera o senso de
proporção. Para o marido pontual indicaremos Rock Water, para a inflexibilidade
e o excesso de disciplina. Para o pobre homem resignado a ser corno, Centaury,
que é para aqueles que se permitem ser feitos de capacho, que não sabem dizer
não, para os que possuem vontade e personalidade fracas.
Por agora,
também, vamos começar a observar. O acostumar-se está nos fazendo mal? E vamos
cantar: “Você me deixou bem acostumado”. Para contrariar a letra da música do
Araketu!
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