Emoção e
sentimento são conceitos difíceis de serem separados. A princípio pode parecer
que significam a mesma coisa. No dicionário, há momentos em que são colocados
como gatos do mesmo saco. Para alguns emoção é ação instintiva que provoca
reações orgânicas, que provoca reações físicas e o sentimento já é uma
faculdade de perceber, de opinar, de agir com bom senso, uma forma de avaliar
aquilo de que não gostamos. O sentimento, então, se entendi bem, seria
discriminatório e a emoção seria instintiva. O sentimento seria algo pensado e
a emoção, não. Segundo a concepção Junguiana o sentimento não é afetado por um
complexo constelado, ou seja, não é uma emoção. Se não me enganei, de novo,
emoção é afeto e tende a contaminar nosso julgamento e a provocar ações inesperadas.
Faz sentido já
que a palavra emoção vem do francês émotion, formado pelo modelo de motion, do
latim Mõtiõ-õnis. Mõtio remete a movimento, à agitação e a impulso. Bem, se é
algo que se agita e que é impulsivo então pode jorrar a qualquer momento e
independe de nossa vontade. É uma febre imprevista, que vem a nossa revelia,
aliás mõtio também significa perturbação de febre. Então é como se estivéssemos
quentes e tomados pela raiva, pelo ódio, pela cólera, pelo rancor, pelo
ressentimento. Ou estivéssemos gelados - alguém já disse que o inferno é gelado
- e mergulhados na indiferença, na depressão, no desânimo. E isto nos afeta de
tal maneira a ponto de não sermos mais nós mesmos. Reações físicas podem então
nos atacar tais como vômitos, taquicardias, dores de cabeça. A emoção nos torna
marionetes de nós mesmos, pois não podemos controlar os cordões pelos quais
estamos suspensos.
O sentimento por
outro lado nos leva a pressentir, a conjecturar sobre as consequências de
nossas emoções desenfreadas. O sentimento apazigua através da inteligência e
permite que ouçamos equilibradamente a voz do silêncio. O sentimento é
reflexivo e traz consciência. Não é frio nem quente. É o que deve ser. É
temperado.
Sim, estou
conjecturando. Exercendo um dos atributos do sentimento? Na verdade, não
sei. Ocorreu-me, no entanto, que os florais de Bach tratam as emoções
quando ainda não foram acudidas e amparadas pelo sentimento. Trata o ódio para
que se transforme no amor. Trata a mágoa para que se transforme em alegria. Trata
o medo para que se transforme em coragem. Transforma aquilo que não entendemos,
aquilo de que não tivemos consciência e portanto, passível de nos tomar na
primeira curva, no primeiro deslize, sem que tenhamos noção de nossa derrocada,
em entendimento. Impede que sejamos frequentemente afetados pelas nossas
desordens emocionais. No mínimo ajuda na percepção desses transtornos. Para que
sejamos sujeitos plenos em nosso sentir, capazes de julgar e de avaliar o que
somos.
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