O que é o amor?



Afinal de contas o que é o amor? Os poetas parecem conhecerem o amor. Pelo menos falam muito dele. Verdade que não explicam muita coisa, mas que é bonito é. Assim o tal de amor é ferida que arde sem se ver (Camões), é lobo correndo em círculos para alimentar a matilha (Djavan), é aquele que se reparte em beijos, leite e pão (Neruda), é um esteio da criação (Walt Whitman). O amor tem muitas traduções e muitas interpretações.

Eu não sei o que é o amor. Mas, certamente ele vem de um sentimento de paz e de integração com o que nos cerca. Acho, também, que para amar o tal do outro é preciso que nos amemos. Ou pelo menos que nos aceitemos.

O amor penso é algo disponível. Gosto de pensar que ele está dentro de nós. Foi um presente dado pelos deuses. Está acondicionado em uma caixinha – oposta à de Pandora. Naquela só havia malefícios, nesta repousa o amor, louquinho para sair.

Podemos levar anos para abri-la. Podemos abri-la de leve, deixar escapar só um pouquinho de seu conteúdo e, maravilhados e acovardados, fechá-la voando.

Por vezes nem nos demos conta do presente de que fomos objeto e seguimos vida sem jamais percebê-lo. Couraças nos impedem. Vamos vestindo roupas: a da tristeza, a do medo, a da insegurança, a da mágoa. E ficamos gordos de emoções mal resolvidas.

Empreender a jornada rumo ao tesouro interno parece quase impossível. O amor nos chama e não sabemos como entrar em contato com ele. Batizamos de amor o que ainda não é, o que gostaria de ser e infelizmente o que jamais se assemelhou ao amor.

E daí, perguntarão vocês e perguntarei eu mesma que estou escrevendo este texto. Como é que vou chegar lá? Como mergulhar em busca de algo que eu desconheço, quando sequer o território conhecido por mim se me afigura seguro?

Creio que não há fórmulas mágicas. Soluções não caem do céu. Tudo é trabalho nosso em direção ao que desejamos. Tudo passa pelo “quem sou eu”.

Eu me alimento bem material e espiritualmente? Eu lido bem com minhas emoções? Eu ultrapasso meus limites? Eu deixo de fazer o que realmente me cabe? O que me incomoda nesta vida? E, se me incomoda o que posso fazer para melhorar?  Eu lanço mão do belo para melhorar meu estado de espírito? O meu olhar perdeu a capacidade de maravilhar-se? E, se perdeu, por onde posso começar a retomá-la? Eu consigo parar um instante na minha vida corrente para agradecer o que de bom me aconteceu? Eu consigo entrar em contato com a essência que me habita? Eu me aceito?

Estas são alguns questionamentos que podemos fazer. Cada um terá o seu, cada um fará de seu jeito. São começos, degraus para chegar ao entendimento de quem somos. Passam e devem passar necessariamente pela beleza, que é a forma de que o amor, aquele verdadeiro e único, esperando por nós na caixinha, se utiliza para revelar-se e para nos incentivar a prosseguir na sua busca.

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