Imagine
uma árvore enorme. Necessitada de muitos braços para abarcá-la. Pode atingir
até oito metros de copa. Velha, talvez tenha 3500 anos de vida. Seu tronco
torcido. A casca enrugada, com linhas que correm paralelas e que se abrem e se
torcem em espiral. Imagem de força.
Vida que
se nega a extinguir-se uma vez que é de sua natureza crescer novamente: a
árvore podada deixa muitos talos jovens! As raízes são profundas e extensas e
se fixam firmemente na terra. As folhas são brilhantes, com nervuras bem
marcadas e bordas em formato de serra. As flores femininas são pequenas e
verdes. As masculinas são de um amarelo-creme. Os frutos (castanhas) são doces
e excelente alimento.
Este é o
gestual da árvore de onde é retirada a última essência floral, o último dos 38
remédios de Bach. Edward Bach o descreveu como necessário àqueles cuja angústia
parece insuportável, quando o corpo e a mente parecem ter chegado ao momento
mais extremo de suas vidas, a um momento em que não há nada a fazer a não ser
render-se. Chamou-o também de floral da “noite escura da alma”, em uma referência
ao estado atingido por muitos místicos, como é o caso de São João da Cruz,
nascido na Espanha, em 1542, em que o desespero e o desalento atingem o
iniciado e ele passa por provação intensa, por agonia profunda, sentindo-se
sozinho e sem forças. Talvez tenham passado por isso, Moisés, ao contestar Deus
no deserto, Jesus no Getsêmani, ao questionar se Deus, o Pai, não o havia
abandonado e, muitos outros.
Quanto a
nós, menos famosos, às vezes ilustres desconhecidos, passamos muitas vezes por
momentos de intenso desespero em nos deparamos com a ausência de saída e uma
sensação de aniquilamento e destruição. Parece não haver luz no fim do túnel.
Porém não pensamos em acabar com nossas vidas, continuamos lutando! Talvez
estejamos imersos em relações desgastantes das quais não conseguimos nos
livrar. Talvez estejamos em um momento de transformação, como borboletas no
casulo, à espera de renascimento. Talvez o sofrimento venha para nos trazer
aprendizado e conhecimento sobre nós mesmos.
A árvore
magnífica que abriga as flores para fabricação do floral, para equilíbrio desse
estado desesperador, nos revela a misericórdia da natureza, a mão do divino
apontando para a cura. Há alimento para a alma em suas castanhas, por mais que
sejamos esmagados pela vida, assim como seu tronco enrugado e linhas que se
assemelham a um linóleo torcido ao extremo não impede que se apresente impávida
e bela. A luz penetra e penetrará o túnel e os labirintos e os subterrâneos e
virá das flores em ebulição, transformadas pelo fogo, em esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário