Quando
sou procurada como Educadora em Florais de Bach busco entender e ajudar pessoas
a enfrentar as emoções e os sentimentos, conscientizando-se deles. O
termo consciência aqui está a serviço de equilibrar-se e não de negar quem se
é.
Explico-me:
Se tenho tendência a dominar pessoas, se é assim que sou, não poderei jamais me
tornar alguém que é mandado, sem interferir com minha essência, sem violar meu
ser, sem descumprir com meu roteiro de vida. O que é necessário fazer é
perceber quem sou e trabalhar isso de forma equilibrada. Posso ser um ditador
ou um grande líder.
O que
acontece e muito é que as pessoas querem ser algo que não são. Quando se refere
a remédio-tipo, Bach está aludindo a isto. O remédio-tipo ou
essência-tipo diz respeito a quem o sujeito é. Não é muito fácil determinar o
remédio-tipo, pois a educação, a trajetória de vida, as interferências no
decorrer do caminho, acrescem elementos, retiram elementos, descaracterizam,
porém se olharmos com cuidado capturamos a origem e dizemos: Ah, esse é o
verdadeiro eu. Leva tempo, é um despetalar de flor, mas chegar ao âmago é
sempre um momento de maravilhamento e plenitude. Algo assim como a individuação
a que se referia Carl Gustav Jung que pressupõe que a singularidade do
indivíduo não deve ser compreendida como estranheza, mas como combinação única.
Penso que
se somos únicos então algo deve ser feito com este presente que nos foi doado.
Nego-me a acreditar que seja aleatório o que me compõe, o que faz de mim quem
sou. Compartilho com James Hillmann, psicólogo Junguiano da ideia de que
trazemos em nós as marcas do que devemos desenvolver.
É tarefa
fácil? Evidente que não! Estamos misturados demais. Lotados de crenças, a
maioria delas apontando para traumas infantis dos quais não podemos e não
queremos escapar.
O
importante é começar. Uma boa maneira de entender quem somos é voltar nosso
olhar para a criança que fomos. Pois, crianças, ainda estão muito perto
do que deve ser sua vocação, muito perto dos ditames da alma. Se as observamos,
se perguntamos a nossos pais o que observavam em nós, poderemos recolher
excelentes informações sobre quem realmente somos.
Edward
Bach dizia sabiamente que: “os pais devem particularmente se proteger de
qualquer desejo de moldar a jovem personalidade de acordo com suas próprias
ideias e desejos e devem refrear qualquer controle ou exigência indevida de
favores em troca de seu dever natural e privilégio divino de serem o
instrumento que auxilia uma alma a entrar em contato com o mundo.”
Sim,
alguns se perguntarão? Então devemos deixar as crianças sem controle? Absolutamente.
Trata-se de perceber que há pais que apenas estão fixados em seus desejos
pessoais, querem que os filhos sejam o que acham que devem ser e não o que
vieram para ser.
Para
ilustrar direi que a raiva é um sentimento que as pessoas não aceitam. Crianças
muito bravas, que dizem o que sentem, que demonstram tal emoção, costumam ser
cerceadas e reprimidas. Raiva deve ser guardada, não é? Porém, a essência que é
ministrada para a raiva é a mesma que produz em equilíbrio, pessoas capazes de
doação e sentimentos de compaixão. Porém, se esta é a essência-tipo, vão estar
sujeitas a sentimentos tais como ciúme, desconfiança, irritação e raiva quando
se desequilibrarem!
Então
como lidar com a criança raivosa? Ouvindo-a. Dirigindo a raiva para
brincadeiras criativas. Ministrando o floral Holly que cobre todo esse
desequilíbrio sem negar a personalidade. Observá-la e colocar limites. Fazê-la
perceber que há maneiras de lidar com os sentimentos sem negá-los, sem
trancá-los em baús fechados. Outro bom jeito é contar estórias. A
propósito disso deixe-me contar-lhes uma muito boa para ajudar quando nossos
anjinhos têm raiva. Chama-se A Cerca. O autor é desconhecido.
Era uma
vez um menino que tinha um temperamento muito forte. Seu pai deu-lhe um saco de
pregos, dizendo-lhe que cada vez que ficasse furioso pregasse um prego na cerca
do fundo da casa. No primeiro dia o garoto pregou 37 pregos, mas gradualmente
foi se acalmando. Descobriu que podia controlar seu temperamento, que isto era
melhor que ficar batendo pregos na cerca. Ele procurou seu pai e contou-lhe que
estava aprendendo a lidar com sua raiva. O pai sugeriu que ele, na medida em
que não sentisse mais raiva, retirasse os pregos da cerca. Assim fez o menino.
Um dia
ele procurou o pai e contou-lhe que os 37 pregos estavam retirados. O pai o
elogiou, mas mostrou-lhe também que na cerca havia marcas dos pregos. A cerca
nunca mais seria a mesma. Assim, se a raiva tivesse sido dirigida contra uma
pessoa, ela nunca mais seria mesma. Os pregos poderiam ser outros instrumentos,
a língua, uma faca, qualquer objeto perfurante. Importante era entender que as
pessoas depois de serem feridas nunca mais seriam as mesmas e assim
aconteceria, também, com o autor das ofensas.
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